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Introdução No plano conceptual, pode-se dividir em dois grandes grupos:
Mesmo que não seja diretamente observável, o risco operaci- 1) O risco de perdas internas ligado a falhas potenciais
onal é responsável por múltiplas falências ou reestruturações causadas pelos colaboradores, pelos processos e pela
de instituições. No entanto, o reconhecimento da sua existên- tecnologia utilizada. Está-se em presença, por exem-
cia é um fenómeno relativamente recente. plo, de um bug do aplicativo, erros de decisão, fraude
deliberada, etc. As fontes destes riscos podem provir
A partir do momento em que é quantificável, o risco operacio-
nal pode ser gerido, nomeadamente através da cobertura das transações efetuadas, das faltas do controlo das
adequada por fundos próprios, utilizando as técnicas de Valor atividades ou do sistema organizacional. Uma parte
-em-Risco (ValueatRisk)– VaR. destas falhas pode ser antecipada e, neste caso, os
riscos associados devem fazer parte do plano de co-
A qualidade e fiabilidade da medição e do controlo do risco bertura de riscos da empresa. Mas são as falhas não
operacional tem vindo a ser incrementada pelas autoridades antecipadas que constituem o verdadeiro risco opera-
de supervisão, que exigem fundos próprios específicos para cional. Podem acontecer com periodicidade variável,
alocar à cobertura deste tipo de risco. mas o seu impacto e a sua frequência são incertos.
Muitos fiascos financeiros resultam da combinação do risco Deste modo, a severidade de uma perda financeira
de mercado, do risco de crédito e de deficiências de controlos associada a um risco financeiro, como no caso dos
internos, ou seja, são em parte consequência do risco opera- riscos de mercado e de crédito, pode ser dividida em
cional. O risco mais importante desta natureza é o de uma duas categorias: a perda esperada que deverá ser
transação de mercado não autorizada pela administração de coberta por provisões (ou por imparidade) e a perda
uma entidade (veja-se o caso do banco Barings). não esperada que deverá ser coberta por fundos pró-
prios;
O trading encontra-se sujeito a um risco financeiro elevado,
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devido à complexidade das operações e ao surgimento de
fatores externos não controláveis. No entanto, perdas devidas 2) O risco de perdas proveniente de fatores de natureza
a uma falha em termos de controlo interno (a qual é evitável) externa, como a introdução de um novo produto pela
são dificilmente aceites. concorrência, uma mudança política suscetível de ter
Admitindo que o risco operacional nem sempre está associa- um impacto significativo na regulamentação, um fenó-
do à complexidade das operações financeiras, têm-se assisti- meno natural (como um sismo) ou outros fatores não
do, na academia e nas próprias instituições, ao desenvolvi- controláveis pela entidade. Trata-se, portanto, de uma
mento de aplicativos destinados à sua avaliação e mitigação componente estratégica do risco operacional, dado
(essencialmente suportados na utilização de metodologias que as organizações repousam sobre pessoas, pro-
apoiadas em métodos quantitativos). cessos e tenologia, e o risco de perda existe neste
domínio, pela dependência com o meio envolvente.
Conceito de risco operacional
Uma tipificação possível do risco operacional é a que se apre-
senta de seguida:
O conceito de risco operacional está associado a perdas dire-
tas ou indiretas resultantes de processos internos, ação de ▪ Fraude de natureza interna;
pessoas ou sistemas inadequados ou deficientes, ou eventos ▪ Fraude de natureza externa;
externos. Tem-se assim que este conceito é amplo. Corres- ▪ Práticas de emprego e segurança no local de trabalho;
ponde, grosso modo, a uma série de perdas não ligadas dire-
tamente ao risco de crédito e ao risco de mercado. ▪ Práticas com clientes e produtos e práticas de negócio;
▪ Danos em ativos físicos
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1 A definição de tradingbook ou de carteira de negociação contempla as posições registadas ▪ Interrupções da atividade e práticas de negócio;
relativas a instrumentos financeiros e commodities com intenção de negociação a curto prazo,
com o objetivo de tirar partido de valorizações que ocorram ou de cobertura de risco de outros
elementos nesta carteira. Estas posições deverão ser nomeadamente objeto de reavaliação ▪ Execução, concretização e gestão de processos.
frequente e alvo de acompanhamento permanente em termos de liquidez (negociáveis a qual-
quer momento). Por outro lado, devem ser geridas de forma ativa, o que implica estratégias
claramente definidas e imposição de limites internos para as exposições

