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         referência,  a  desenvolverem  um  esforço  conjunto  para   imparidade, ou sempre que existirem indícios de que o
         assegurar  a  convergência  dos  diferentes  sistemas  de   referido ativo possa estar em imparidade, de acordo com
         normalização  contabilística  que  regulam  o  tratamento   a IAS 36 – Impairment of Assets. O reconhecimento de
         subsequente do goodwill e de outros ativos, procurando   uma perda por imparidade, ocorre quando a quantia re-
         assegurar a obtenção de uma informação financeira fi-  cuperável de ativo ou de uma Unidade Geradora de Cai-
         dedigna e comparável.                                 xa (UGC) é superior ao justo valor de uma ativo menos
                                                               custos de alienação e o seu valor de uso (IASB, 2004).
            Neste contexto, os pontos seguintes apresentam as
         principais alterações ocorridas ao nível da mensuração   Já nos Estados Unidos da América, as primeiras nor-
         do goodwill em termos internacionais (IASB e FASB) e   mas relacionadas com a mensuração do goodwill surgi-
         nacionais, estas em resultado da substituição do Plano   ram em 1970, com o American Insitute of Certified Public
         Oficial de Contabilidade (POC) pelo SNC e das altera-  Accountants  (AICPA)  a  emitir  o  Accounting  Principles
         ções resultantes da primeira revisão do SNC, ocorridas   Board (APB) 16 – Business Combinations e o APB 17 –
         em 2015 (Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho).     Intangible  Assets., onde  o  APB  16  determinava  que  o
                                                               goodwill deveria ser reconhecido como um ativo e o APB
            2.1.1. No IASB e no FASB                           17 assegurava os princípios de amortização, defenden-
                                                               do  que  esta  deveria  ser  sistemática  e  por  um  período
            A International Accouting Standars (IAS) 22 – Busi-  máximo de quarenta anos.
         ness Combinations, emitida em 1983, foi o primeiro do-
         cumento  normativo  que  tratou  o  conceito  de  goodwill,   Em  2001,  o  FASB  que  havia  substituído  a  AICPA,
         definindo-o  como  um  ativo  amortizado  durante  a  sua   substituiu o APB 16 e o APB 17 pelo Statement of Finan-
         vida útil, que regra geral não deveria exceder os cinco   cial Accounting Standards (SFAS) 141 – Business Com-
         anos, ou em alternativa ao modelo de amortização, este   binations e pelo SFAS 142 - Goodwill and Other Intangi-
         poderia  ser  diretamente  abatido  aos  capitais  próprios,   ble Assets respetivamente. Com o SFAS 141 (2007) o
         fosse ele positivo ou negativo.                       método de comunhão de interesses das CAE foi elimina-
                                                               do, passando estas a ser mensuradas unicamente pelo
            A  coexistência  de  dois  tratamentos  contabilísticos   método de compra, e o SFAS 142 (2001) determinou o
         distintos na mensuração subsequente do goodwill, des-  fim  da  amortização  sistemática  do  goodwill,  passando
         critos no parágrafo anterior, traduziram-se na obtenção   este  a  ser  testado  periodicamente  quanto  à  existência
         de  informação  financeira  pouco  fiável  e  comparável,  o   de imparidades. A realização dos testes de imparidade
         que levou às sucessivas revisões da IAS 22, que deixa-  previstos pelo FASB é idêntica àquela que está reconhe-
         ram cair o abate direto do goodwill aos capitais próprios   cida no IASB, sendo realizados anualmente ou sempre
         e alargaram o período máximo de amortização até vinte   que existam indícios de que perdas possam vir a ocor-
         anos (IASB,1998).                                     rer.

            Com o aparecimento da Internacional Financial Re-    2.1.2. Em Portugal
         porting Standards IFRS 3 – Business Combinations, co-
         mo  resposta  às  críticas  aos  modelos  de  mensuração   2.1.2.1. Do POC ao SNC
         subsequente  previstos  na  IAS  22,  a  partir  de  2004  as
         empresas da União Europeia (UE) que estavam obriga-     Em Portugal, o conceito e o tratamento contabilístico
         das  a  consolidar  contas  e  que  apresentavam  os  seus   do goodwill foi inicialmente tratado pela Diretriz Contabi-
         valores  admitidos  à  negociação  em  bolsa  de  valores,   lística (DC) 1 – Tratamento Contabilístico de Concentra-
         passaram a realizar testes anuais de imparidade ao go-  ções de Atividades Empresariais, onde o reconhecimen-
         odwill adquirido numa CAE, após o seu reconhecimento   to inicial era idêntico aquele que era usado pelo normati-
         inicial, conforme resulta do seu § 54 (IASB, 2008).    vo internacional. Assim, se o custo de aquisição fosse
                                                               superior ao justo valor dos ativos e passivos identificá-
            Verifica-se  assim,  que  o  surgimento  da  IFRS  3  em   veis, havia lugar ao reconhecimento de goodwill. Após o
         substituição  da  IAS  22,  fez  cair  a  amortização  do  go-  reconhecimento inicial, o goodwill era amortizado numa
         odwill em detrimento da realização de testes anuais de   base sistemática, num período que não excedesse cinco
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