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            ELEMENTOS PARA A COMPREENSÃO                                                                        E
                                                                                                                V
                                                                                                                 I
                                              DO XBRL                                                           S
                                                                                                                T
                                                                                             Miguel Gonçalves   A
                                                                                      Professor no ISCA de Coimbra
                                                                                                                D
                                                                              Doutorando em Contabilidade e Auditoria
                                                                                                                E
                                                                                       Pós-Graduado em Economia
                                                                                                                C
         Introdução                                        (2005: p. 13). A autora associa o XBRL a uma “combina-  O
         Na actual sociedade de conhecimento, a informação e a  ção de tecnologia com uma taxonomia de relato, ba-  N
         Internet aparecem-nos como realidades indeclináveis,  seada na linguagem XML (eXtensible Markup        T
                                                                    1
         frequentemente entrelaçadas, o que pode comprovar-  Language) e que permite a recolha, agregação, valida-  A
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         se pelas palavras de Bonson e Andrés (2003: p. 9):  ção e relato de informação financeira, via Internet.”   I
             sin lugar a dudas, Internet es un fenómeno re-  No mesmo sentido, parecem convergir Mota, Pereira e
                                                                                                                L
             volucionario que ha transformado profunda-    Soares (idem: ibidem), fazendo corresponder o XBRL a  I
             mente los procesos de transmisión de          uma extensão da XML, classificando-a como ”uma nova  D
                                                                   2
             informácion, tanto dentro del mundo empresa-  linguagem da Internet que define e baptiza os dados e  A
             rial como en la sociedad en general.          se afirma, potencialmente, como o standard mais impor-  D
         O processo de transmissão de informação quer-se, por  tante da Internet,desde a adopção da HTML [HyperText  E
         todos e para todos, rápido, exacto, oportuno, objectivo e  Markup Language]”.
         directo.Via Internet, estes atributos tornam-se ainda mais  De um ponto de vista técnico, a Internet pode entender-  E
         exigíveis, porquanto as novas tecnologias de informação  -se como um conjunto de protocolos padronizados para  F
         vieram revolucionar toda a prática da comunicação da in-  a troca de informação, amplamente conhecidos, de tal  I
         formação, de forma global e, mais particularmente, todos  forma que qualquer um pode ligar o seu computador à  N
         os cânones da comunicação da informação financeira.  rede através desses protocolos, e obter informações de  A
         Isto mesmo relembra Faria (2005: p. 425):         outros equipamentos que também estejam ligados a     N
             o saber é algo que não se esgota, daí que o   essa rede (Bonson e Andrés, 2003). Sem prejuízo, as pri-  Ç
             aparecimento das novas tecnologias da infor-  meiras tecnologias que neste âmbito existiram, das quais  A
             mação viesse inovar verdadeiramente a nossa   nos permitimos destacar a HTML, originalmente a mais  S
             sociedade, [na qual] as mutações, de forma    utilizada na Web, nada especificam acerca do significado
                                                                                                                N.º
             mais ou menos intensas, podem ser presen-     dos dados transmitidos, antes descrevendo como se dis-  101
             ciadas em quase todas as áreas de actividade,  tribui e que formato tem a informação. Como concluem
             [sendo] que a Contabilidade não é excepção.   Mota, Pereira e Soares (2005: p. 281):
         A Contabilidade, enquanto produtora de informação para  quando duas partes pretendem comunicar
         a tomada de decisão, transformando-se inevitavelmente  devem começar por chegar a um acordo sobre
         num sistema de informação, gera dados consubstancia-  o significado dos dados que transmitem, isto é,
         dos na criação de relatórios que com verdade devem re-  deve especificar-se com clareza o sentido de
         flectir as operações desempenhadas pelas entidades,  cada dado de forma a que não existam ambi-
         aquilo a que prosaicamente os anglo-saxónicos apelidam  guidades [na partilha ] do contexto. A inexistên-  7
         de “a true and fair view”.  Seguindo de perto o pensa-  cia destes contextos partilhados, que dão
         mento de Faria (2005), quando esses dados se conver-  sentido à informação transmitida, limita a ob-
         tem em informação significa que são levados em       tenção de informação empresarial.
         consideração no processo de tomada de decisão do ne-
         gócio. O grande desafio será pois o de, nas palavras de  2 – O Ponto de Partida: A Linguagem XML
         Almeida (2005: p. 13),                            Hoffman, Kurt e Koreto (1999: p. 2) exortam-nos a pen-
             conseguir extrair, compilar, apresentar e anali-  sar o XML como “uma versão superinteligente da HTML
                                                                                                                A
             sar dados de modo regular ou relatórios de ges-  – a linguagem da Internet.” Como sugestão, convidam-
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             tão  ad hoc – de forma rápida e sem           -nos a usar o browser no sentido de revelar os códigos  b
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             comprometer a sua qualidade – e em qualquer   HTML por detrás da construção de uma  Webpage.
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             formato escolhido pelo utilizador final da infor-  Exemplificam: uma palavra “a negrito” aparecerá da se-
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             mação.                                        guinte forma: [sic]<B>boldface</B>. Mas a linguagem
                                                           HTML apenas descreve o estilo de apresentação. Poder-  /
         1 – O Surgimento de uma Nova Linguagem Contabi-   -nos-á dizer que TDK, S.A. virá a negrito, por exemplo,
         lística                                           mas nada mais nos acrescentará. Como sustentam os     J
         Mota, Pereira e Soares (2005) fazem alusão à importân-  autores (1999: p. 2) “it can´t tell you if it names a person  u
         cia para o relato financeiro electrónico de duas caracte-  or a company. XML can tell you all of this”. Mota, Pereira  n
         rísticas relevantes: a exactidão e a oportunidade. Os  e Soares (2005: p. 282) parecem comungar da mesma  h
         autores (2005: p. 280) assinalam que “o relato benefi-  opinião: “contrariamente à XML, a HTML não distingue  o
         ciará dos mais recentes desenvolvimentos tecnológicos,  entre os dados e a sua apresentação, [tratando] apenas
         designadamente da eXtensible Business Reporting Lan-  da aparência dos dados e (…) sua apresentação, não  2
                                                                                                                0
         guage (XBRL)”.                                    cuidando do seu significado”. Nestes termos, alinham Za-
                                                                                                                1
         Uma possível definição de XBRL é-nos dada por Almeida  rowin e Harding (2000: p. 6):
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