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R “O Ganho deve ser a pedra fundamental, deve ser o pri- Assim, a forma segura para se aumentar a rentabilidade
E meiro na escala de importância” (Goldratt, 1991, pág. é reduzindo os custos da organização e, conseqüente-
V 45), já os Inventários estão em segundo lugar na tomada mente, reduzindo os custos alocados aos produtos.
I de decisão, e a “Despesa Operacional foi afastada de Outra forma é produzindo uma maior quantidade de pro-
S sua gloriosa posição para um modesto terceiro lugar” dutos, de tal sorte, que os custos fixos (diretos e indire-
T (Goldratt, 1991, pág. 46). O pressuposto deste raciocínio tos) sejam distribuídos sobre uma quantidade maior de
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é que, tanto os Inventários como as Despesas Opera- itens e, assim, melhorando a eficiência da organização.
cionais têm uma limitação de melhoria contínua que, no
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E limite, é 0 (zero). Por sua vez, qualquer melhoria que vise As implicações desse raciocínio para a análise de inves-
o aumento do Ganho é, em tese, ilimitada. timentos podem ser variadas. Pode-se priorizar a compra
C de equipamentos que reduzam o tempo total do pro-
O cesso, mas que não necessariamente seja o fator limi-
N 2.2. O MUNDO DOS CUSTOS E O MUNDO DOS GANHOS tante do processo produtivo. Avançando no raciocínio,
T realizar investimentos em recursos ou melhoria de pro-
A As organizações são compostas por muitas e diferentes cessos que reduzam os custos unitários dos produtos
B funções (marketing, operações, finanças, recursos hu- (através do acréscimo de volume) sem necessariamente
I manos, produção, logística etc.). Cada uma dessas fun- reduzir os custos fixos ou variáveis da organização.
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I ções não opera de forma isolada das outras. Assim
D sendo, uma organização poderia ser considerada como O Mundo dos Custos vê em grau de importância as se-
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A uma corrente com muitos elos interligados (Goldratt, guintes medidas: a) Despesas Operacionais; b) Ganho;
D 1994; Draman, Lockamy III & Cox III, 2002). c) Inventário (estoques), (Goldratt, 1991; Corbett, 1998;
E Plantullo, 1994; Marques & CIA, 1998), como balizadores
O conflito entre o Mundo dos Custos e o Mundo dos Ga- para a tomada de decisões nas organizações.
E nhos se dá através da forma como cada um desses pa-
radigmas vê a organização (uma corrente). O Sendo que “o Mundo dos Ganhos é o mundo das variá-
F pressuposto principal do Mundo dos Custos está em veis dependentes” (Goldratt, p. 48, 1991), o ótimo da or-
I controlar o custo (reduzir o peso da corrente), enquanto ganização não se dá pelo somatório dos ótimos locais.
N o principal pressuposto do Mundo dos Ganhos está em Dentro da lógica do Mundo dos Ganhos, a melhoria da
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N proteger o ganho (proteger o elo mais fraco) (Goldratt, organização é realizada através da melhoria na restri-
Ç 1991; Lacerda, 2005; Lacerda & Rodrigues; 2006). ção. Utilizando a analogia da corrente, o que determina
A sua resistência não é a soma das resistências individuais
S Em relação ao Mundo dos Custos, cada elemento (elo) dos elos, ou o acréscimo de elos. O que determina a re-
da organização (departamento, pessoas, funções) con- sistência da corrente é o elo mais fraco (Goldratt, 1991;
N.º some recursos financeiros, materiais e de tempo. Assim, Marques & CIA, 1998).
103 o custo de toda a organização é o somatório dos custos
de cada um dos elementos da organização. Este é o Isto se coloca em contraposição à lógica do Mundo dos
mundo das variáveis independentes (Goldratt, 1991). Custos. Na lógica dos ganhos, o fator determinante é a
restrição, pois ela determina a lucratividade da empresa
Através dessa lógica, no Mundo dos Custos alcança-se como um todo. “No Mundo dos Ganhos, as restrições são
o ótimo global através do somatório dos ótimos locais. a classificação essencial, substituindo a função que os
Isto equivale dizer que a redução do peso em um dos produtos exerciam no Mundo dos Custos” (Goldratt, p.
51, 1991). Assim, nem sempre uma melhoria local re-
6 elos da corrente reduz o peso da corrente inteira. Assim sulta em uma melhoria global.
sendo, cada produto que a empresa comercializa deve
remunerar seu próprio custo (peso) e contribuir para o
alívio dos custos (pesos) dos demais elos da corrente. O Mundo dos Ganhos trabalha com o conceito de Ganho.
Ganho é o resultado do preço de venda subtraído dos
Por esse raciocínio, o preço de um produto é formado custos totalmente variáveis. Assim, os demais custos são
pelo seu próprio custo (peso), agregando-se um deter- considerados como despesa operacional ou inventário
minado percentual dos demais custos (pesos) da orga- (Goldratt, 1991; Gardner, Blackstone & John, 1991; Plan-
nização e uma margem de lucro do produto que tullo, 1994, Dugdale & Jones, 1997, Graves & Gudr, 1998,
O remunere a organização e seus acionistas pelo desen- Corbett, 1999). Sendo a restrição o fator determinante
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t volvimento de suas atividades. para o resultado da organização, o que define as deci-
u sões, no Mundo dos Ganhos, é o ganho em relação à uti-
b Esse raciocínio é expresso, pelos métodos de alocação lização da restrição. As despesas operacionais da
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o dos custos fixos (diretos e indiretos), através de rateios organização devem ser cobertas pelo somatório dos ga-
(critérios para distribuição dos custos). Assim sendo, nhos obtidos pelos produtos.
/ sabe-se a eficiência de um produto, bem como a efi-
D ciência da organização, através da redução dos custos O Mundo dos Ganhos vê em grau de importância as se-
e dos produtos. Essa redução pode ocorrer através da di- guintes medidas: a) Ganho; b) Inventários; c) Despesa
z minuição dos custos diretos ou indiretos. Basicamente, Operacional (Goldratt, 1991; Corbett, 1998; Plantullo,
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m uma organização possui duas formas de aumentar sua 1994; Guerreiro, 1996, Marques & CIA, 1998) como ba-
b rentabilidade: 1) Maximizando a receita; e 2) Minimi- lizadores para a tomada de decisões nas organizações.
r Uma vez que a organização está continuamente apri-
o zando os custos. Dentro da lógica do Mundo dos Cus-
tos, maximizar as receitas depende de fatores externos, morando-se, a despesa operacional e os inventários são
2 sobre os quais não se tem um controle efetivo (Goldratt, uma alternativa limitada a esse processo de melhoria.
0 1991).
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